terça-feira, 14 de outubro de 2014

 "Isto às vezes é tremendo porque a gente quer exprimir sentimentos em relação a pessoas e as palavras são gastas e poucas. E depois o que a gente sente é tão mais forte  que as palavras..."
(António Lobo Antunes)


domingo, 12 de outubro de 2014

Conseguiria, sem esforço, passar horas a olhar-te.
A reparar nos teus gestos.
 Expressões.
Nos teus olhos e no teu sorriso. 
A ver-te dormir.
Conseguiria, sem esforço, passar horas a ouvir-te. 
A tomar atenção a todas as tuas conversas.
A saber de cor aquilo que me vais dizer de seguida, 
mas, mesmo assim, 
voltar a embevecer-me com o que me contas.
Conseguiria, sem esforço
passar horas a tocar-te.
A descobrir cada milímetro de ti. 
A passear o meu toque por ti.
A procurar aquilo que mais te agrada. 
A provocar-te. 
A desafiar-te. 
A deixar o meu toque em ti.
Conseguiria, sem esforço,  passara horas a provar-te. 
A perceber a que me sabes hoje.
 Se amor calmo, se a paixão em fúria.
 Se a colo e mimo, se a arrebatamento e urgência. 
Se ao devagar dos olhos fechados,
 se à pressa de olhos nos olhos.
Conseguiria sim. 
Sem esforço algum.
(Rita Leston)


quarta-feira, 8 de outubro de 2014



Se a tua arte é dar-me música
Eu danço levada pelo vento
E invoco as tuas mãos
Descontrola-me o instinto
Porque eu só te sinto
Em sonetos de sedução
Alimenta-me
O amor
A paixão
Dá-me vida
Dá-me colo
Quero ser o teu refrão


Se a tua arte é dar-me música
Faz de mim tua canção
Toca-me com ternura
Silencia-me os gritos
Em melodia sentida
Nas artérias do coração
Mata-me esta sede de ti
Esvazia-me a solidão
(Carla Tavares)
 

domingo, 5 de outubro de 2014

Quando me encontrei comigo, eu estava de passagem. Gostei tanto de quem conheci que resolvi andar junto, lado a lado, dentro. Eu introjetei em mim aquela pessoa que, finalmente, não estava mais vivendo levianamente, mas participando verdadeiramente da realidade. Foi estando muito lúcida que pude me embriagar de arte e deixar minha imaginação inventar os caminhos que ela trilharia. Conheci paisagens, às vezes, muito familiares, mas o meu olhar era inédito.

Não sou mais imediatista quando me faço companhia, pois essa nova pessoa respeita o seu próprio tempo. Por isso, também é preciso evitar alguns lugares, pessoas, antigos hábitos e pensamentos. O passado só me cabe para servir como base para o que tenho me tornado. Cada dia eu amanheço numa página em branco e vou dormir numa outra cheia de coisas que escrevi e vivenciei. A única garantia é que nem sempre encontro o que procuro, mas sempre busco o estado e o lugar mais confortáveis para mim. Eu mereço experienciar esta fascinação pela vida e a liberdade de ser exuberante e transformar o chão em céu, o mar em útero, meu corpo em Templo. Respeito os que vivem de outro modo, porque meu caminho não é o certo nem o único, é o que eu escolhi para mim quando lancei mão do meu livre arbítrio. 

E nasci apaixonada pelo amor, mas só agora, me fazendo companhia, é que ele deixou de ser uma palavra para se tornar uma experiência.
Sou muito grata por estar na esquina onde eu estava passando e por ter me dado a mão. Caminhamos juntas: eu comigo mesma!
(Marla de Queiroz)